Existem algumas Ruas e Praças que são muito especiais. Em todos os continentes, no hemisfério norte e no sul; no oriente e no ocidente. Espaços reais urbanos que todos conhecemos ou lemos de alguma forma; que fazem parte da nossa imaginação, mas que pouca reflexão nos merecem na sua verdadeira influência, tão absorvidos estamos na nossa «correria diária». Quando percorremos algumas «Ruas e Praças do Poder», percebemos uma relação algo maquiavélica. A sua utilização e frequência pelas populações, grupos e organizações, ou mesmo pelo próprio Estado, foram determinantes em muitos dos acontecimentos mais relevantes da vida e da história de muitos Estados, e muitas vezes com projeção geopolítica regional ou global. Nestes espaços urbanos delimitados, o algoritmo do poder foi, ou ainda é, quase sempre proeminente e muitas vezes decisivo. A incidência focalizada em algumas Ruas e Praças, relevantes num determinado espaço geográfico, conduz necessariamente a invocar a Cidade, ou seja a área urbana maior onde se inserem. Daremos conta da Lisboa do Terreiro do Paço, da Baixa e da Rotunda que deram «vida republicana» ao 5 de Outubro. Da Avenida da Liberdade que «enfeitiçada» pelo seu nome, esperou os vencedores do 28 de Maio. E claro, relembramos o Largo do Carmo que abriu a festa da liberdade para o 25 de Abril. Abordaremos algumas outras cidades do mundo, as suas Ruas e Praças do Poder, em tempos e circunstâncias diferentes, como: Petrogrado, Kiev, Buenos Aires, Caracas, Pequim, o Cairo e Argel. E claro Hong Kong. Estes espaços do poder por norma altivos, cheios de história e currículo, com a vertiginosa pandemia do novo coronavírus (covid-19), deixavam esmorecer a sua postura e procuravam, por estes tempos, o vazio. Praças e ruas sem gente e sem alma ... … Tudo isto em jeito de crónica histórica urbana.